
No último dia 25 de abril o Deputado Estadual Capitão Telhada em seu
discurso no plenário da Alesp utilizou-se de um vídeo público do aniversário do
rapper, compositor, empresário e apresentador “Mano Brown” para caluniar o
Ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Prof. Claudio Silva.
A festa popular, ocorrida em 21/04 na comunidade onde o artista mora, na
zona sul de São Paulo, contou com a presença de centenas de pessoas,
autoridades, e entre eles o convidado Claudio Silva, atual Ouvidor da Polícia e
amigo pessoal do líder do grupo Racionais MC’s. Na interpretação rasa, equivocada
e caluniosa do policial e agora deputado, uma pessoa identificada que usava cigarro
de tabaco durante a festa foi acusado por este como usuário de drogas e criminoso.
Ato contínuo acusou o Ouvidor da Policia de “frequentar locais com usuários de
drogas”, afirmando ainda que Claudio Silva “não tem moral para ocupar o cargo”,
desqualificando-o pessoalmente e também à Ouvidoria de Policia.
O Deputado criminalizou e desqualificou a festa de Mano Brown. Com o ato
criminoso, revelou, inicialmente, sua má qualidade técnica policial, acompanhada de
preconceito racial: o parlamentar sequer pode distinguir o cigarro de tabaco de uma
droga, o que demonstra o despreparo do oficial militar, que não segue o protocolo e
nem a legislação que deveria ter aprendido na academia. Seu despreparo em
identificar um crime bem como de confundir cenas de uso e tráfico de drogas com
festas populares é a regra dos militares com capacidade diminuta de crítica, que,
por não seguirem regras e técnicas policiais, produzem ações de violência como
temos presenciado tristemente nos últimos meses, com a letalidade atingindo
índices alarmantes. Criam, com suas falsas percepções da realidade nas
comunidades, um ideal imaginário e ideológico racial, enxergando crimes onde eles
não existem, e agindo de forma brutal e equivocada.
Atacar os negros, no contexto de uma festa de um ícone da cultura brasileira
e atacar particular e diretamente o Ouvidor da Polícia é parte do racismo estrutural
no qual está preso o Deputado Capitão Telhada, revelando seu despreparo como
policial e também como parlamentar, pois no parlamento apoia o corte da verba da
educação, a venda da Sabesp, bem como a distribuição de terras públicas à preço
de banana para latifundiários que já são ricos e expulsam as populações pobres das
regiões rurais.
Atacar a Ouvidoria, num contexto de aumento da letalidade policial com
desmandos de toda ordem, é papel de militares e oficiais que querem varrer para
debaixo do tapete as mazelas da Policia Militar. É contemporizar atos criminosos
cometidos por agentes públicos, com desvios na atribuição e funções
constitucionais. Portanto, quem comete crime aqui, são aqueles que reforçam os
atos criminosos contra a população pobre, negra e periférica.
Reforçamos o nosso integral apoio à atuação da Ouvidoria da Policia do
Estado de São Paulo, órgão fundamental de controle social da atividade policial, e
reafirmamos publicamente nosso incondicional apoio ao Prof. Claudio Silva, que
tem, neste mandato, tornado transparente todos os dados dos casos de intervenção
policial que jamais chegariam ao conhecimento da sociedade, se não tivesse
cumprindo exemplarmente sua função.
Solidarizamo-nos com o artista Mano Brown, no desejo de que ele continue
cumprindo sua missão de levar cultura e reflexão para milhares de jovens e pessoas
desassistidas pelo estado nas periferias.
Por fim, repudiamos veementemente a atitude racista e caluniosa do
Deputado Capitão Telhada, solicitando que a bancada do Partido dos Trabalhadores
na Alesp e a Comissão de Direitos Humanos possam estudar possíveis
representações no conselho ético da Assembleia Legislativa do Estado de São
Paulo.
São Paulo, 30 de abril de 2024.
A Coordenação Compartilhada
Setorial Estadual dos Direitos Humanos do PT
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