Dória, o veto a feira de orgânicos e a qualidade da merenda nas escolas públicas paulistas.
Quando falamos em Educação, podemos dizer que a trajetória dos governos tucanos no Estado de São Paulo nesses mais de vinte anos é no mínimo conturbada: fechamento de salas de aula, desvalorização de professores e, quando parecia não faltar mais nada, chegamos ao extremo do escândalo das merendas.
Seguindo a tradição, o Governador João Dória (PSDB) já mostrou a que veio quando assumiu a prefeitura da capital, com o episódio grotesco de crianças sendo marcadas à caneta nas mãos para não repetir a merenda e com a infame ração humana.
Mal esquentou a cadeira de governador, e mais um capítulo desta série de terror nos é revelado: a compra de merenda em frigoríficos interditados. Coincidência ou falta de cuidado com os filhos de trabalhadores que frequentam as escolas públicas?
Para coroar sua cruzada contra a alimentação saudável, o governador vetou a utilização do Parque da Água Branca, nesta capital, para a realização da já tradicional feira de alimentos orgânicos realizada anualmente pelo Movimento dos Trabalhadores sem terra (MST). Mas qual a relação entre merenda, alimentos orgânicos e direitos humanos?
O direito humano à alimentação adequada não é nenhuma novidade: está previsto no art.25 da Declaração Universal dos Direito Humanos (1948) e no Pacto de Direitos Econômicos Sociais e Culturais, no art.11. A Emenda Constitucional 64 de 2010 incluiu esse direito no art.6° da Constituição Federal.
A lei n° 11.346/06 criou o Sistema Nacional de Segurança Alimentar (SISAN). No âmbito escolar, temos o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que busca formar hábitos alimentares saudáveis e equilibrados, com a utilização de produtos provenientes da agricultura familiar (no mínimo 30%, segundo a lei 11.947/09), e envolvendo não só os alunos, mas também os funcionários, professores, pais e comunidades.
O PNAE, se aplicado por gestores competentes, ajuda a prevenir futuros problemas de saúde na população, como diabetes e hipertensão, além de movimentar a economia local com o estímulo aos pequenos agricultores e melhorar o aprendizado das crianças e adolescentes.
Em 2015, o então prefeito da capital, Fernando Haddad (PT) sancionou o PL 451/2013, que prevê a inclusão de alimentos orgânicos, produzidos sem a utilização de fertilizantes sintéticos e agrotóxicos de alta solubilidade, nem reguladores de crescimento e aditivos sintéticos na alimentação animal e organismos geneticamente modificados.
O descaso com a merenda das escolas públicas no Estado de São Paulo e o veto injustificável da feira de orgânicos promovida pelo MST têm a mesma raiz: o ódio de classe que o governador nutre pela maioria da população, composta por trabalhadores cujos filhos têm o direito garantido por Tratados Internacionais de Direitos Humanos e pela Constituição Federal de se alimentar adequadamente.
SECRETARIA ESTADUAL DE DIREITOS HUMANOS PT/SP.
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