Erro atrás de erro. Desmandos atrás de desmandos. Se alguém tinha dúvida de que Jair Bolsonaro é despreparado para qualquer cargo público a essa altura do campeonato já deve ter certeza. São dezenas de declarações infelizes, mentirosas e atitudes erráticas. O que mais falta para que esse irresponsável, que brinca com a vida dos brasileiros, saia da presidência?
Desde o início da pandemia, no começo do ano passado, o presidente tem negado veementemente a gravidade de uma doença que já matou cerca de 220 mil brasileiros e brasileiras. Tem menosprezado a ciência com declarações mentirosas e cruéis. Tem, algo que é mais grave ainda, se isentado de sua responsabilidade como chefe de estado.
A saída de Bolsonaro e de seus ministros, principalmente do irresponsável que ocupa o Ministério da Saúde sem ter formação para isso, deveria ser prioridade para o Congresso. Infelizmente não é isso o que vimos: o Centrão, como de costume, se vende por emendas parlamentares e cargos públicos. São verdadeiros cúmplices de um governo genocida.
A oposição também tem sua parcela de culpa. Já foram apresentados dezenas e dezenas de pedidos de impeachment, que todos sabem que dificilmente vão prosperar. É o popular “minha parte eu fiz”.
O povo tomou as ruas a partir do aumento de R$ 0,20 no transporte público em 2013. As manifestações tomaram proporções gigantescas e atingiram até uma presidente que não cometeu crimes que levaram ao seu impeachment. Naquela ocasião o Congresso sucumbiu à pressão e retirou do poder, em um verdadeiro golpe, uma mulher democraticamente eleita.
O mesmo povo que se indignou por vinte centavos precisa começar a se indignar por milhares e milhares de mortes. Não foi Bolsonaro quem trouxe a pandemia para o Brasil, mas é ele o responsável pelas perdas, pela falta de estrutura da Saúde e pelas piadas infelizes com a situação do nosso país.
Não é normal que mais de mil pessoas percam a vida diariamente. Não é normal que 50, 60, 80 mil sejam infectados todos os dias em um país sem comando e sem leis. Também não é normal gastar R$ 1,8 bilhão em leite condensado, biscoito, refrigerante, pizza, iogurte, pão de queijo e dezenas de outros itens para consumo do próprio governo enquanto os brasileiros morrem de fome sem o auxílio-emergencial.
Se a resposta do omisso Congresso demora a aparecer, pelo menos a posição da opinião pública começa a mudar – mesmo a passos milimétricos. Segundo o Datafolha, no começo de dezembro apenas 32% consideravam o governo ruim ou péssimo; agora, já são 40%.
Por incrível que pareça uma parcela da população, que apoia os absurdos e a omissão de Bolsonaro, ainda avalia o governo como ótimo ou bom: eram 37% no mês passado; 31% agora. É uma deterioração importante em um espaço de tempo relativamente curto.
Como disse acima, o brasileiro precisa resgatar a capacidade de se indignar. Ou você acha normal que cinco aviões caiam por dia em nosso país por erros do piloto?
O impeachment de Bolsonaro é urgente e pode salvar vidas. Precisamos de um presidente que assuma suas atribuições, monte uma equipe forte de ministros e tenha compromisso com seu povo. E que não gaste dinheiro público com leite condensado.
Luiz Fernando Teixeira é deputado estadual (PT/SP)
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