Recriminado e perseguido politicamente por pelo presidente e seus apoiadores, movimentos sociais de democratização do uso da terra, como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, têm sido responsáveis pela segurança alimentar de milhares de famílias que vivem fora dos grandes centros urbanos, como agricultores e comunidades quilombolas e indígenas.
Desde o início da pandemia, o MST já distribuiu mais de 300 toneladas de alimentos em diversas partes do país. “Para nós do MST a solidariedade é muito mais do que apenas dar aquilo que nos sobra. É dar o que nós temos. Hoje entregamos essas cestas em nome de todos os camponeses e camponesas que estão em seus territórios produzindo alimentos saudáveis, cuidando da natureza, dos filhos dos outros, para que a gente possa enfrentar esse momento de pandemia que tem atingido todos no mundo inteiro, mas principalmente os trabalhadores e trabalhadoras”, declara Daniele Cazarotto, dirigente estadual do MST Rio Grande do Sul.
Luana Faria, moradora da comunidade Pedreira, em Porto Alegre, agradeceu a ajuda que vem recebendo do movimento. “Se não fosse essa doação do MST, eu não teria alimento na minha casa. Eu vim agradecer pela comunidade. Agradeço a todos que nos estão ajudando, ao MST, aos sindicatos e aos movimentos sociais. Estou aqui hoje, mesmo é pra agradecer”, afirma.
Ayala Ferreira, da direção nacional do MST, explica que para além do apoio aos mais vulneráveis, uma bandeira defendida pelo MST, esse também é um momento de convidar a sociedade para perceber a necessidade da reforma agrária como projeto de uma vida melhor para quem vive na cidade e para quem reproduz a sua existência no campo.
“Essa é a nossa forma, enquanto MST, conscientes do seu papel nesse momento histórico em defesa da vida. Queremos fortalecer os processos de resistência das comunidades tradicionais, das populações mais vulneráveis e a gente efetivamente atravessar esse momento mais fortalecidos enquanto sujeitos que necessitam se unir para enfrentar essa pandemia, mas também para enfrentar o mal de todos os males, que é o capital nessa região”, aponta a dirigente.
No estado de São Paulo uma iniciativa uniu o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento Sem Teto do Centro (MSTC) na campanha “Lute como quem cuida”, que distribui refeições para moradores em situação de rua. “Queremos resgatar o conceito do fogo como aquecimento dos corpos, cozimento dos alimentos, da passagem do conhecimento e das experiências afetivas em torno dele. Afinal, o cuidado de nos alimentarmos bem e assim alimentamos o outro requer não somente receitas variadas e fartas, mas, também, trocas de informações, solidariedade e poesia”, afirma o texto do manifesto de lançamento da campanha.
“A solidariedade não é só a doação de alimento, mas sim a doação para a reconstrução deste país, para salvar vidas da miséria, da desinformação, do vírus, da fome e lutar para que todos e todas tenham seus direitos garantidos”. pontua Josineide Costa, membro da coordenação nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).
Solidariedade e proteção
“Fizemos grandes ações de solidariedade para fazer chegar o alimento para as famílias que mais estão sofrendo com a pandemia. Nós orientamos, através da distribuição das senhas, que as pessoas venham de máscara para adquirir o seu kit de alimentos. É uma exigência para que as pessoas possam pegar o kit. Vamos nos cuidar, evitar a aglomeração”, reforça José Damaceno, da coordenação estadual do MST do Paraná.
Com informações do Brasil de Fato
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