Haddad foi homofóbico?
Como LGBT, eu seria injusto em deixar de reconhecer que Haddad promoveu sim boas políticas públicas para LGBTs, no município de SP. Sempre se comportou como um político Progressista, Humanitário e de Vanguarda, reconhecido e premiado, inclusive, Internacionalmente. Isso é inegável!
Como ser humano, mesmo sendo um intelectual de alta graduação, também está imerso e é atravessado pelo mesmo senso comum que todos NÓS, eu, você, TODOS. O tempo todo, sem exceção, somos convidados a INTROJETAR algum tipo de preconceito, segregação, etc. Por mais que nós nos vigiemos, em algum momento estamos vulneráveis a “escorregar” e ceder.
Penso que foi isso que ocorreu com o Haddad. Não me parece que ele seja “essencialmente” um Homofóbico, mas no intuito de ser irônico e desvelar a hipocrisia do filho do Bolsonaro, caiu no equívoco de reproduzir uma brincadeira de Senso Comum que, em verdade, é uma armadilha imiscuída no imaginário social que o conseguiu fisgar. E é claro, que se ele foi fisgado, é porque há algo dentro de sua psique que ainda REFLETE e o torna vulnerável a tal armadilha social. Isso não o torna um “HOMOFÓBICO EM ESSÊNCIA”, mas mostra que ainda há “pontos cegos” a serem trabalhados dentro da sua mente, o que no final foi uma forma de “homofobia residual”, mas que deve ser algo fácil de ser resolvido, segundo deduzo pelo seu próprio histórico descrito na minha introdução.
Na verdade, todos nós, por mais desconstruídos que sejamos, temos algo de um “opressor residual” do qual devemos supervisionar, vigiar e lutar contra, SEMPRE. Porém, Haddad é uma FIGURA PÚBLICA, logo, essa Responsabilidade Ética é de uma natureza maior e seu impacto tem muito mais repercussão; logo, sua autovigilância e revisão de valores deve ser bem mais cuidadosa.
Assim, concluo, que Haddad não está isento das críticas que recebe. Mas, penso que devemos refletir sobre a real dimensão dos fatos. Eles errou, sim. Mas, o fez num alcance que todos NÓS, imersos no mesmo senso comum patriarcal, heteronornativo, racista e opressor estamos vulneráveis a fazê-lo. Temos que nos vigiar o tempo todo para não o fazer. HADDAD por sua posição pública, e inclusive, pelo relativo privilégio de ser um Homem Branco Heteronornativo, pequeno-burguês, mas um ALIADO, tem um dever ainda maior de se Vigiar e avaliar as próprias ações. Continuo simpático ao Haddad, e espero que ele reveja seu posicionamento.
Adalberto Ricardo Pessoa. Psicanalista Junguiano, Filósofo, Militante da Secretaria LGBT do PT-SP.
Leave a Comment