A primeira mulher travesti na executiva do PT de Araraquara como secretária municipal LGBT.
- Como foi a sua trajetória na política até aqui?
Tudo começou quando tinha 17 anos em 2009 no Movimento Secundarista estudantil e ao mesmo tempo participava como presidente do grêmio estudantil da Escola Estadual Bento de Abreu. Desde então, começo a ter contato com a política em concomitância com os movimentos sociais e, também, com as pautas do partido dos trabalhadores, de certa forma, ao notar a inserção de debates precisos deste partido. Neste mesmo tempo, também ocorre minha percepção pessoal como indivíduo LGBT. Percebo, então, que minha luta e combate social teria de ser destinado as nuances LGBTs como modo/meio de sobrevivência. Desta forma, meu foco de luta para as questões de igualdades de gênero e sexualidade. Para, além disso, começo ter contato com as pautas étnico-raciais, afinal, as lutas precisam ser interseccionais. E que bom, pois as mulheres negras me acolheram grandemente.
Neste período, conheço uma ala do PT que trazia a discussão referente às questões de sexualidade e gênero. Era um grupo que fomentava esse debate. Porém, com o tempo, por não ser um grupo de tanta visibilidade e força, acabou por cessar neste convívio. Em 2012, me afastei do diretório municipal devido a incoerência de algumas lideranças do partido, mas minha essência jamais deixou de ser do PT. E este é um ponto crucial, pois quando a democracia do país começa a correr risco em meados de 2014/2015, retorno ao partido ajudando a construir o plano de governo do governo do Edinho Silva e do mandato da vereadora Thainara Faria no município de Araraquara. Deste então, meu foco tem sido a esquerda petista e as pautas LGBTs. Entretanto, sempre levando em consideração a autocrítica que é tão necessária.
- Como é ser a primeira mulher travesti a ocupar uma posição na executiva do PT de Araraquara? *Qual a sua expectativa na executiva de Araraquara?
Pelo fato de ser a primeira travesti a ocupar a cadeira da executiva como secretária municipal LGBT, me sinto orgulhosa e triste, afinal, 40 anos de partido e nenhuma das minhas pode estar neste lugar. Mas, luto para que outras possam também tenha essa oportunidade em harmonia com as outras pastas indenitárias do partido visando à harmonização em luta.
- Qual a importância da diversidade e da inclusão dentro do PT?
Estou como gestora LGBT do município de Araraquara na gestão do atual prefeito de Araraquara, Edinho Silva, desde 2017, onde me sinto feliz, honrada e triste, ao mesmo tempo. Feliz e honrada por ser a primeira travesti a ocupar este espaço e cargo no poder executivo. Araraquara, em minha opinião, é a Prefeitura mais representativa em âmbito nacional sob comando do PT, e triste por faltarem mais dos nossos nessas posições.
- Qual o foco da sua militância?
Meu trabalho tem sido abrir trilhas e caminhos para que outras possam ocupar espaço na política, espaço que muitas vezes nos foi negado. Quero mostrar a importância da participação geral de sujeitos sócio-políticos como nos.
Agradeço imensamente ao Edinho Silva (prefeito de Araraquara pelo PT) por ser um grande aliado das demandas da população LGBT e por confiar em mim o comando das políticas públicas voltadas para a população LGBT, agradeço também à Thainara Faria (vereadora do PT no município de Araraquara) grande amiga que hoje ocupa o cargo de vereadora defensora das pautas de direitos humanos. Essas pessoas foram essenciais para que as mudanças fossem feitas e a equidade respeitada.
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