Na última sexta-feira (18), um coquetel misturando problemas de saude pública e sociais com violência e despreparo policial e má gestão de políticas públicas levou a mais um novo episódio de tumulto e violência na região da Cracolândia, no Centro de São Paulo. Na ocasião, dependentes químicos depredaram um ônibus com passageiros e saquearam uma farmácia. A polícia chegou ao local para tentar restabelecer a ordem, mas só o que fez foi balear um pedestre na perna com um disparo de arma de fogo.
Este foi apenas o último de uma série de casos que beiram a tragédia que se acumulam na região central de São Paulo. No último dia 14, foi noticiado que a cracolândia “se mudaria” para uma nova região na Santa Ifigênia, na rua dos Protestantes, o que levou moradores do local realizarem uma série de protestos contra a situação. A tensão entre usuários e moradores cresceu até o estopim da útima sexta-feira, que teve ainda funcionáros da farmácia feitos de reféns, princípio de incendio e bombas de gás e efeito moral.
Em meio ao tiroteio de que é uma das partes mais ativas, o governo Tarcísio de Freitas tateia às cegas em busca de uma solulção, aparentemente longe de ser encontrada. No último dia 20, o governador anunciou oficialmente que estava desistindo da ideia de transferir a cracolândia da Santa Efigênia para o Bom Retiro, também na região central, conforme anunciado por ele mesmo um dia antes.
Em nota oficial, o governo estadual afirmou que, “após novas avaliações, a estratégia de direcionar o fluxo para o Complexo Prates será revista. Novas possibilidades para solucionar o problema da Cracolândia estão sendo estudadas e serão divulgadas em breve”. Não se sabe o que significa “em breve” para o governador, mas fato é que, até agora, mais de um mês depois, nenhuma “nova possibilidade” foi apresentada, apenas a já conhecida repressão policial.
O deputado estadual Maurici (PT) assim resume o quadro: “Este governo tem se caracterizado por anunciar coisas e, depois, voltar atrás. Ou o governo não tem rumo, ou tem uma política deliberada de anunciar projetos para medir a reação da sociedade e, depois, se for o caso, recuar.” Tem sido esse o caso, no mais das vezes.
Enquanto a Polícia Militar e o Estado de São Paulo priorizam uma tentativa policialesca para resolver o problema, uma CPI na Alesp busca ampliar o escopo de atuação do poder público, notadamente graças à atuação dos deputados de oposição, como Simão Pedro (PT), que recentemente ressaltou o principal objetivo do trabalho do Legislativo em relação a esse assunto:
“Vamos trabalhar por blocos, ouvir moradores, comerciantes e especialistas das universidades, pesquisadores que tratam desse assunto com várias tendências de pensamentos. Que a gente trate com humanidade essas pessoas que são dependentes de drogas e acabam sendo marginalizadas”.
Se o governo estadual falha em apresentar uma solução sistêmica para o problema, quem arca com a conta são os cofres públicos do município de São Paulo. Está marcada para a próxima terça-feira (22) a primeira audiência pública sobre o projeto de lei da prefeitura que pretende isentar o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) de 947 imóveis na região da Cracolândia. O texto já passou por uma votação no plenário da Câmara Municipal e foi aprovado pela maioria dos parlamentares.
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