Durante o final de semana passado e o início desta semana, 4,2 milhões de residências ficaram sem energia elétrica na Grande São Paulo. Dessas, 500 mil ainda estavam sem luz até esta terça-feira (7).
Falhas no sistema que foram inicialmente geradas por fortes chuvas e ventos que duraram pouco mais de uma hora na última sexta-feira (2) se tornaram um apagão de cinco dias, gerando transtornos para milhões de pessoas.
O motivo para a escalada do problema é que a Enel/Eletropaulo, empresa privatizada de distribuição de energia elétrica, simplesmente não possui efetivo profissional suficiente para lidar com emergências desse tipo em um tempo minimamente razoável.
A empresa afirma estar trabalhando como é possível para restabelecer a normalidade, e que espera que todos voltem a ter luz em casa até o final desta terça.
Aproveita para informar que segue precisamente todas as regras previstas em contrato de 1998, com duração de 30 anos, que firmou quando venceu a concessão (privatização) para cuidar da energia elétrica do povo paulista.
Qualquer que seja o motivo, não foi por falta de aviso. “A gente previu o que aconteceu. Avisamos a Enel que se houvesse um ciclone extratropical, São Paulo poderia ficar uma semana sem luz. O problema é crônico e não vai se resolver agora. Pode até piorar, se mudanças não forem feitas no modelo do setor elétrico”, conta o presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo, Eduardo Annunciato, o Chicão.
Assim, o que ocorre agora com a luz em São Paulo deve servir de alerta para o que pode acontecer com o fornecimento de água na cidade e no Estado, se prosperar o objetivo do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), de privatizar a Sabesp.
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O deputado Paulo Fiorilo, líder da Bancada da Federação PT/PCdoB/PV na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), resume a situação e a indignação que ela gera:
“É incrível a empresa ENEL querer culpar somente o evento climático extremo por um apagão que já dura mais de três dias em bairros de São Paulo. A falta de equipes de rua para atendimento de emergências, a dificuldade de comunicação com a empresa, tudo isso é fruto de uma política decorrente da privatização: cortar custos, reduzir mão de obra, fechar posto de atendimento físico.”
O parlamentar informa também as providências que a bancada petista está tomando para lidar com a questão: “Energia, assim como a água, são bens essenciais à sobrevivência. A Assembleia de São Paulo tem uma CPI da ENEL instalada. Vamos exigir explicações da ENEL na CPI, mas também é necessário que a agência reguladora estadual ARSESP detalhe seu papel de fiscalizar e que medidas serão adotadas diante dos prejuízos à população”.
Na cidade de São Paulo 12 unidades de ensino, entre escolas e creches, permaneceram fechadas nesta segunda por falta de eletricidade, segundo o prefeitura.
De acordo com a Seduc-SP (Secretaria da Educação do Estado de São Paulo), 36 escolas em todo o estado foram impactadas pela chuva. Dessas, 21 com cobertura ou telhados danificados, 28 sem fornecimento de energia e 14 com queda de árvores.
No total, 29 escolas estaduais tiveram as aulas suspensas, pois ficaram sem fornecimento de energia. Para atender os estudantes, a Seduc disponibilizou o conteúdo das aulas pelo Centro de Mídias.
O apagão também afetou o fornecimento de água. Segundo a Sabesp, no início desta segunda ainda havia problemas no abastecimento, por causa da falta de energia em Cotia, Vargem Grande Paulista, Santana de Parnaíba e Pirapora do Bom Jesus, todos municípios da Grande São Paulo.
A empresa estatal afirmou que tem trabalhado de forma emergencial para abastecimento dos locais críticos com caminhões-tanque. Se o plano de Tarcísio der certo e a Sabesp for privatizada, nada garante que da próxima vez será assim.