As sirenes de alerta para risco de deslizamentos de terras e casas em áreas de encosta, decorrentes de fortes chuvas, prometida pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para serem instaladas em cidades do litoral paulista antes do próximo verão (que começa no dia 22 de dezembro), ficaram para o ano que vem.
A atual previsão de entrega é no fim de fevereiro de 2024, conforme noticiou o jornal Folha de S.Paulo.
A estação das chuvas em São Paulo tem início no mês de novembro, atinge seu auge em janeiro e se encerra em março, de acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). Ou seja, quando as chuvas estiverem mais intensas nos municípios paulistas, em janeiro do ano que vem, as populações que vivem em área de risco no estado não poderão contar com o que o governador prometeu.
No dia 4 de março deste ano, após deslizamentos de terra terem tirado a vida de 65 pessoas no município de São Sebastião, no litoral norte do estado, Tarcísio foi visitar o seu estado natal, o Rio de Janeiro, e de lá anunciou que pretendia instalar um sistema de sirenes contra desastres na região metropolitana de São Paulo e no litoral.
O modelo seria baseado no que já é utilizado na cidade do Rio de Janeiro, onde o equipamento toca para evacuação de áreas consideradas com risco de deslizamento.
“O Rio de Janeiro é uma cidade que realmente se preparou para esses eventos climáticos adversos e a gente tem que importar algumas dessas boas medidas lá para São Paulo”, anunciou o governador, na ocasião.
Perguntado sobre quando o sistema começaria a ser instalado e quando estaria efetivamente funcionando, ele disse: “É começar imediatamente. A gente quer chegar no verão do ano que vem, nas próximas chuvas muito mais bem estruturado do que a gente estava esse ano”.
Promessa x Realidade
Na realidade, porém, isso não vai acontecer. Isso porque o governo estadual ainda não providenciou sequer a licitação para comprar as tais sirenes. Na última segunda-feira (18),
o governador que a instalação dos equipamentos ficou para o fim de fevereiro de 2024.
Com o atraso anunciado, a empresa que vencer a licitação (que está planejada para outubro) terá até 120 dias para colocar os equipamentos em funcionamento. O investimento é de R$ 4,2 milhões, segundo a Defesa Civil de São Paulo.
Os sistemas de alerta farão parte da prevenção a desastres no verão, período considerado mais crítico para desastres. As cidades que irão receber o equipamento são São Sebastião, Guarujá, na Baixada Santista, e Franco da Rocha, na Grande São Paulo.
As cidades foram escolhidas por apresentarem risco de deslizamentos e históricos de desastres, além de contarem com centrais de monitoramento em operação 24h por dia.
Se o governo estadual falha em cumprir sua promessa e só entregará seu investimento de R$ 4 milhões quando o pior já tiver passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não demorou para fazer a sua parte para melhor a situação nas cidades do litoral paulista.
O governo federal destinou R$ 7 milhões para São Sebastião assim que as chuvas fortes começaram a cair. A transferência foi publicada no dia 22 de fevereiro deste ano, em edição extra do Diário Oficial da União.
Dois dias antes, a Caixa Econômica Federal anunciara a liberação do saque do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) por calamidade para moradores de municípios afetados pela tragédia.
Já no último dia 4, o deputado estadual Donato (PT), esteve em São Sebastião, onde visitou áreas de risco e conversou com a população. De acordo com ele, sete meses após a tragédia, “identificamos várias famílias que ainda não tiveram qualquer atendimento e seguem vivendo em áreas de risco.”
O deputado, que levou as informações que colheu de volta para seu gabinete, prometendo cobrar o governo estadual quanto à situação, disse: “É preciso que não tenha uma família sequer morando em áreas de risco. A tragédia deste ano já não foi suficiente?” A julgar pela demora na instalação das prometidas sirenes, o governador estadual acha que não foi.
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