Nesta segunda-feira, 4 de setembro de 2023, faz 2.000 dias que ocorreu o assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes.
Eles foram mortos no dia 14 de março de 2018. As famílias seguem cobrando respostas. Desde o crime, três pessoas foram presas: o ex-policial militar Ronnie Lessa, Élcio Queiroz (outro ex-PM) e Maxwell Corrêa, o Suel. Cinco delegados estiveram à frente da investigação, além de mais de dez promotores de uma força-tarefa do Ministério Público do Rio (MPRJ).
Se sobram investigadores, faltam respostas. Atualmente, os que desejam elucidar o crime estão na expectativa de novas colaborações premiadas e por um julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que pode determinar a entrega de novas provas às equipes do MPRJ e da Polícia Federal que ainda tentam uma solução para o crime.
O principal foco dos investigadores é descobrir se houve um intermediário entre os dois ex-policiais militares presos pelo crime, e os supostos mandantes.
Para isso, a colaboração premiada fechada pelo ex-policial militar Élcio Queiroz neste ano deu uma nova perspectiva aos investigadores. Ele admitiu que dirigiu o carro em que o ex-PM Ronnie Lessa estava quando fez os disparos que mataram Marielle e Anderson Gomes.
Com base em um dos anexos da delação, a Polícia Federal conseguiu em julho a prisão do ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, que participou da ocultação das armas usadas no crime. De julho para cá, a estratégia dos investigadores tem sido pressionar Corrêa, visto como um colaborador em potencial.
A pressão se dá com o avanço de investigações que envolvem os negócios do ex-bombeiro. A esposa dele chegou a ser alvo de uma busca e apreensão. Na semana passada, um policial militar foi preso por, segundo os investigadores, ocupar o lugar de Maxwell na organização criminosa que explora serviços clandestinos de TV no Rio de Janeiro.
Os investigadores ainda aguardam um conjunto de dados do Google que podem ajudar a concluir a apuração sobre quem se comunicou sobre a agenda de Marielle Franco em março de 2018. O caso está no Supremo Tribunal Federal, sobre relatoria da ministra Rosa Weber – que se aposenta no mês que vem.
O Ministério Público conseguiu uma série de decisões favoráveis para ter acesso aos identificadores de pessoas que buscaram o nome e a agenda da vereadora Marielle Franco (PSOL) dias antes de sua morte, em 2018.
O Google recorreu ao STF e ainda não há data para o julgamento, que terá repercussão geral, ou seja, vai balizar outras decisões sobre o tema. A empresa entende que este é um precedente perigoso, que viola o sigilo de uso do buscador.
A deputada estadual Ana Perugini (PT-SP) assim resume o sentimento e a linha de ação do PT paulista acerca do crime:
“A voz de Marielle Franco ainda ecoa em nossos corações. Em seu último pronunciamento na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, em março de 2018, a vereadora defendeu o direito das mulheres ocuparem os espaços de poder, serem ouvidas e respeitadas.
Marielle e o motorista Anderson Gomes foram assassinados a tiros dias depois. Hoje, 2.000 dias após esse crime brutal e covarde, ainda não sabemos quem mandou matá-la e qual foi a motivação do assassinato.
Criminosos silenciaram Marielle Franco, mas seu espírito de luta segue vivo em cada um de nós.”
Leave a Comment