Nas últimas semanas, João Doria e muitos prefeitos têm se dobrado à pressão de setores econômicos e sociais, adotando medidas de afrouxamento do distanciamento social devido a pandemia de Coronavírus, apesar do estado de São Paulo apresentar uma média de aproximadamente 250 de mortes por dia na última semana. É como se um avião caísse todo dia em terras paulistas.
Entidades religiosas são um dos setores da sociedade que mais pressionou as diversas esferas governamentais para a retomada das atividades presenciais, tendo o presidente Jair Bolsonaro como um dos principais defensores da realização de celebrações presenciais apesar dos riscos que aglomerações representam para a transmissão do vírus. Em março, Bolsonaro classificou igrejas como atividade essencial e no último dia 2 de julho, vetou a obrigatoriedade do uso de máscara dentro de templos e igrejas.
“O vírus não se importa pelo motivo pelo qual as pessoas estão reunidas, se é lazer, esporte ou religião. É compreensível que as razões pelas quais as pessoas procuram eventos religiosos nessa época são de caráter íntimo e devem ser respeitados. Mas a questão da saúde pública deve vir sempre em primeiro lugar”, afirmou o infectologista Alexandre Cunha, dos Hospitais Brasília e Sírio Libanês em entrevista ao Correio Braziliense.
De acordo com o professor titular da Unisinos-RS Lenio Streck, em entrevista ao Nexo, a decisão não se sobrepõe a determinações estaduais e municipais que determinem o contrário, mas serve como referência. “Estados continuam com competência para regular esse assunto no meio da covid-19, por causa do estado de emergência pandêmico que foi aprovado pelo Parlamento”, afirma o acadêmico.
Inicialmente, para continuar cumprindo suas funções e atender às necessidades dos fiéis, as igrejas passaram a fazer suas celebrações de forma virtual, porém, algumas denominações passaram a ter dificuldades financeiras, pois a diminuição do fluxo de pessoas significou a redução abrupta de recursos para a manutenção das atividades.
O pastor Anselmo Rodrigues, por exemplo, tentou uma campanha para arrecadar dinheiro, porém sem sucesso decidiu há um mês voltar às atividades, para poder pagar o aluguel da Igreja Ministério Resgatando Vidas, na Zona Norte de São Paulo. Segundo o religioso, as contribuições dos fiéis durante a transmissão virtual não cobrem as despesas. “Se tivesse condição de manter o aluguel, porque o dono não entende, não abriria nenhum dia. Faria direto na live só. A preocupação é manter o aluguel mesmo”, ressalta Rodrigues em entrevista à AFP.
A fé é um instrumento fundamental de resiliência para boa parte da sociedade e não pode ser desrespeitada, no entanto todas denominações religiosas deverão se adaptar para levar conforto espiritual com segurança às pessoas. “Acho que vamos ter que nos adaptar a esse novo ‘normal’ durante algum tempo”, disse o pastor Fernando Carvalho à AFP depois de realizar o culto para 40 pessoas em um espaço que pode abrigar 750. “Eu sinto que as pessoas ainda estão meio tensas, não se sentem totalmente à vontade. Mas a maioria tinha um grande desejo de voltar”, acrescenta o líder da Igreja Edificando em Cristo Também na Zona Norte da capital paulista.
A estudante de Direito Fabiana Andrade chorou bastante após tanto tempo longe dos cultos presenciais “Saudade do louvor, de estar na igreja mesmo. Não dá para conversar tanto, mas já deu para sentir aquele gostinho de voltar mesmo”, contou à AFP.
Com informações de Correio Brasiliense, Nexo e AFP
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